segunda-feira, julho 19, 2004

trabalhador_aprovado

O TRABALHADOR APROVADO:
PREGAÇÃO E PREGADORES
DR. DOUGLAS JACOBY
ATHENS, GEÓRGIA
JUNHO de 2004

Esta não é uma tradução profissional
Para dúvidas ou detalhes, consulte o original,
disponível no site do professor,
ou me contacte.

Gustavo O.
Av. Presidente Vargas, 962 / 1501
Centro, Rio de Janeiro (RJ)
20071-090

De coração, e com a mente voltada para Cristo,
Guga. Rio de Janeiro,
junho de 2004.

(observação: as notas não foram traduzidas)

I. INTRODUÇÃO
Como muitos de nós na ala conservadora do Movimento de Restauração, eu fui exposto à pregação bíblica durante muitos anos, antes de me mudar para a região de Boston. Lá, ingressei em curso de graduação e também me juntei à Igreja de Cristo de Lexington. Eu ficava maravilhado e [?] com o ministério, esperando em meu íntimo que, um dia, eu me tornaria um pregador de verdade também. Enquanto eu estava acostumado à pregação muito textual e geralmente seca, em Boston, as mensagens eram dinâmicas, desafiadoras e motivantes. Os dois anos que passei lá foi um tempo de crescimento espiritual, que veio a calhar em meu relocamento para Londres, como parte da primeira implantação em outro país. Em Boston, embora a Bíblia fosse ensinada com exatidão, a ênfase era mais na prática. Teologia era um pouco suspeito.1

[mesmerized]

As mensagens pregadas eram delineadas geralmente a partir de interpretações espirituais no texto bíblico --- interpretações que eu nunca tinha visto antes. Hermeneuticamente falando, eisegese2 era provavelmente mais comum do que exegese.3 Tudo parecia ser lido para dar apoio a alguns refrões vitais: todos os membros da igreja devem ser comprometidos ao corpo; o sentido da vida de um cristão é levar outros a Cristo; todos nós somos chamados para sermos ensinados por cristãos mais maduros. Esses ensinos foram descobertos nas passagens as mais inesperadas. Eu me lembro de uma das primeiras mensagens que eu ouvi, em 1980. Foi uma mensagem em 1o. Samuel 15, em que Samuel desafia Saul, “Então o Senhor não enviou você em uma missão?” A missão, naquele tempo, era aniquilar os amalequitas. Entretanto, o que foi enfatizado foi que Deus nos enviou numa missão --- a Grande Comissão. Era realmente isso que o Espírito queria que nós levássemos conosco do estudo? Não foi uma aula ruim, mas dificilmente ela saiu do texto lido de manhã. Entretanto, como a igreja estava crescendo rapidamente, eu não ousava questionar o questionável ou levantar duvida a respeito do duvidoso. Crescimento era observado como um sinal claro da presença de Deus, e sua benevolência parecia estar sobre a igreja. Afinal de contas, podia ser realmente errado forçar uma leitura bonita de uma passagem quando tantas pessoas estavam sendo socorridas?

Em 1982 eu me mudei pra Europa, e, ao todo, vivi fora por 12 anos. Os ingleses são muito menos impressionáveis pelas mensagens [temperadas?], e aqueles sermões de três tópicos nem sempre são ouvidas do mesmo modo como são por ouvidos ianques. Talvês porque a maioria dos ingleses têm pouco passado cristão, enquanto, nos EUA, isso é geralmente suposto. O conhecimento residual da escola dominical, ou um vago senso de culpa por não cumprir o dever cristão, podem fazer os ianques mais abertos à pregação emotiva, mesmo quando eles não têm seus pés firmes na escritura. Os ingleses precisavam, e apreciavam, mais instrução --- especialmente os estudantes de universidades com os quais eu passava a maior parte do meu tempo. Eles --- como a maior parte dos europeus --- são menos movidos por “blá blá blá sississi bum bá”!

[peppy]

Nos anos que passei fora, eu aprendi que o que cristãos mais apreciam é conhecimento da Bíblia. Conhecimento da Palavra leva a um conhecimento mais efetivo de Deus. É isso o que nos mantém fiéis a longo prazo. Como ministro em campus de universidade, eu não rejeitei meu treinamento de Boston, e continuei me voltando a exegeses bonitinhas, apesar de, às vezes frouxas, de vez em quando, e eu estava aprendendo a pensar de modo diferente a respeito da Bíblia. No ano seguinte, 1983, eu passei um mês na Ásia. Eu acredito que a exposição ao mundo (internacionalmente falando) me levou a considerar maneiras alternativas de compreensão da escritura, e novas meneiras de apresentá-la de modo eficiente.

Finalmente, em 1989 minha esposa e eu, com nossos filhos pequenos, nos mudamos para a Suécia. Durante nossos anos na Escandinávia, nós vimos como corações eram profundamente movidos por pregação expositiva simples.4 Estudos da Bíblia --- muitos estudos da Bíblia --- mantinham as pessoas fiéis. E a maioria dos membros suecos estão fiéis a Deus até hoje. Isso é marcante do fato de que eles não estavam confiando na palavra do homem, mas antes na palavra de Deus (1a. aos tessalonicenses 2.13).

Desde os anos 90, quando nós nos mudamos de volta para os Estados Unidos, eu venho trabalhando no ministério de ensino internacional. Vinte a trinta viagens por ano me proporcionaram muitas oportunidades de observar pregações que trazem resultados duradouros, e pregação que leva a disfunção congregacional. De 1995 a 2003, projetando e supervisionando um plano de treinamento bíblico de dois anos para pregadores ao redor do mundo, eu me dei conta da luta que muitos ministros da palavra têm em encontrar tempo para estudo e preparo. A maioria daqueles que concluíam o curso5 desejava ler mais, preparar-se melhor, levar sua própria aprendizagem bíblica a um nível maior, mas as limitações de tempo na maior parte dos casos tornava o feito impraticável. Eles estavam sob pressão para ensinar, pregar, aconselhar, evangelizar, fazer discípulos [*] --- e para uma quantidade ainda maior, preencher seus deveres santos como maridos e pais. Numa quantidade de ministros, os princípios teológicos e exegéticos enfatizados ao longo do caminho [ia em choque a]a filosofia local de ministério.6

[*]disciple; traduzi por fazer discípulos. Uma possibilidade de tradução mais explicativa seria, a meu modo de ver, /to disciple/ por ensinar e repreender e corrigir. Uma outra seria /to disciple/ por disciplinar.

[clashed]

Ao longo desses anos, eu me tornei mais e mais profundamente convicto de muitas coisas:
~ A maior parte dos membros geralmente conhecem pouco da Bíblia.
~ Muitos líderes de igreja conhecem ligeiramente mais do que os membros
~ A geração de cristãos que surgia iria sofrer enormemente se essa falha em educar biblicamente as pessoas não fosse corrigida.

Por volta de 1995 eu estava me tornando mais e mais ousado a respeito da necessidade de “alimentar o rebanho”. Por volta de 1999 eu me convenci de que nosso curso de então, relegando o ensino da Bíblia à rara aula de semana ou ao dia de ensino[*], nós iríamos pecar em nossa tarefa de evangelizar o mundo. Em 2000 meus papéis sob título “Estatísticas e Crescimento da Igreja”7 alertava líderes em todo o mundo a parar de confiar em números, alvos, operações para mover a igreja adiante, e antes a confiar que Deus iria garantir sua benevolência para conosco se nós desistíssemos nossa abordagem humanística e enfatizássemos as coisas que a Palavra enfatiza.

[*]teaching day. Na igreja dos santos que se reunem na Penha-Tijuca, chamávamos “tempos de discipulado”.

Eu não quero passar a aparência de implicitar que eu sempre fui um expositor cuidadoso da palavra de Deus, pois eu não fui. Eu, como todos nós, sou um produto do meu condicionamento. E eu ainda tenho pecados. Eu também senti pressão significativa para produzir, e mesmo com oito anos de pós-graduação em educação teológica senti [?]. Eu queria me preparar bem e ser fiel à palavra de Deus, entretanto, expectativas geralmente tornavam a preparação adequada mais desafiadora. Mas isso não me disqualifica de observar uma necessidade. Ao redor do mundo, nós vimos uma geração de pregadores se levantar que não era treinada em teologia, e que rotineiramente utilizavam mal a escritura para dar apoio à agenda que tinha que ser passada pra cima deles. Isso apenas propagou erros, impedindo que os ouvintes tivessem modo próprio de alcançar o que estavam ouvindo.

[the “tug”]

Este papel se remete à filosofia de ministério. Assim como cada pessoa no planeta tem uma filosofia, ou uma visão de mundo, assim também cada pregador da palavra tem uma filosofia de pregação, quer ele saiba disso ou não. É a contenção deste papel o fato de que uma abordagem nociva de pregação veio a fazer parte do espírito das congregações ao redor do mundo. Analizemos os componentes básicos da maior parte das filosofias em muitas igrejas, com algumas idéias bíblicas de como dar direção de modo mais saudável as igrejas no futuro.


II. UMA FILOSOFIA DE PREGAÇÃO NOCIVA
O que se segue é uma descrição compósita do pregador que está em necessidade de mais cuidadoso treinamento teológico e ministerial. Isto não se aplica a todos os pregadores em nossa comunidade de igrejas. Se aplica apenas àqueles que ainda têm que aprender lições espirituais de valor que Deus nos tem ensinado ultimamente a respeito de uma visão de ministério mais saudável. Consideremos a perspectiva de um pregador sobre a Palavra, sobre ele mesmo e sobre aqueles para quem ele se dirige.

A. A perspectiva que o pregador tem da Bíblia

1. “Interpretação não é necessário” (“a Bíblia fala por si só”). Interpretação pode ser definida como “vir a compreender o texto através do estudo de sua gramática e contexto histórico e literário.” Não é possível estudar a Bíblia “sem interpretação.” Mais do que isso, há dois tipos de interpretação: /cuidadosa/ e /descuidada/. O muito corrente sentimento de que “a Bíblia interpreta a si própria” é traiçoeiro. /Sim/, algumas escrituras são facilmente compreensíveis e exigem pouco estudo para produzir entendimento. E, ainda, não, muitas passagens exigem um nível significativo de trabaho da nossa parte para se lhes entender. Supor que uma pessoa pode capturar o significado original de um texto sem trabalho duro é ponto de partida de um falso senso de confiança. Simplesmente não é verdade.

Isso não quer dizer que uma pessoa não pode pegar a Bíblia e entender os tópicos básicos com razoável facilidade. Os conceitos mais importantes saltam do texto e prendem nossa atenção. E, ainda assim, há uma boa quantidade de outros ensinamentos nos meandros distribuídos em ampla escala de importância, e que exigem algum estudo antes que possa ser aprendido. Conhecimento de formação é importante! Por exemplo, sem embasamento suficiente no Antigo Testamento, quantos pregadores podem expor com precisão o Novo Testamento?

Eu me lembro de uma mensagem passada por um jovem evangelista --- que, apesar de bem intencionada, perpassava falta de trinamento bíblico. Em seu zelo para apressar os membros a se comprometerem a todos os serviços na igreja, ele se agarrou ao “dia de caminhada do sábado” (Atos 1.12). A conclusão foi que os cristãos primitivos eram tão devotos ao Senhor que no sábado eles andavam o dia inteiro para ir à igreja. O dia de caminhada do sábado é a distância máxima que os rabis permitiam alguém caminhasse no sábado, ou 2000 [?]; caminhadas longas eram consideradas como “trabalho,” e portanto deslocamento era algo extremamente limitado. Como será que a igreja se sentiu quando o jovem evangelista sontinuou as pregações sobre o “dia de caminhada do sábado”?

[cubits]

Não que seu tema fosse de todo rejeitável --- sua ênfase era em que nós precisamos colocar Deus em primeiro lugar. Mas a má utilização descritura era muito embaraçoso. Isso é um exemplo claro de que interpretação é algo necessário. Interpretação, uma vez mais, não é opcional, mas crucial. É trabalho duro. Para mim, um pregador agora há mais de vinte anos, eu ainda passo cinco horas preparando sozinho para cada uma hora que eu falo publicamente.8 Eu não estou a par de qualquer atalho no processo. Uma vez mais, interpretação requer esforço, concentração, e disciplina.

2. Apenas uma versão. Ninguém tem uma versão da Bíblia infalível, apenas os manuscritos originais. Obviamente nós deveríamos encorajar membros a utilizarem uma gama mais vasta de traduções Essa é a melhor maneira de evitar interpretações sectárias ou idiossincráticas. Ouvintes deveriam ser beneficiados pela riqueza do spectro completo das versões disponíveis, de mod a diminuir a possibilidade de que eles fossem submetidos a ensino errado, baseado em escolhas peculiares de tradução.

Um ensinamento muito promulgado por anos foi de que Deus está em busca de líderes que são [*]. O original grego de Mateus 11:12, bem como em todas as traduções em praticamente todas as línguas, indicam que esses homens são homens /violentos/. A NIV notaA, entretanto, traduziu primeiramente a palavra por [*], e alguns líderes de igreja interpretaram mal a passagem, e recomendavam [*] como uma qualidade essencial para liderança. Porém essa característica dificilmente se poderia qualificar como uma qualidade espiritual, falando biblicamente.9

[O autor dá exemplo de uma expressão em inglês que seria traduzido de modo opaco, em razão de seu caráter diferente do original.]
A New International Version

Nós éramos freqüentemente pejorativos com relação aos grupos da “King James” notaB, assinalando que a KJV ntC não era inspirada, e que continha uma quantidade de erros. Contudo, tantos leitores da NIV ntA caíram no mesmo pecado. Podemos afirmar que há “um só Senhor, uma só fé, um só batismo,” mas certamente não podemos dizer “uma só tradução”

B Versão em língua inglesa comparável à versão em português de João Ferreira de Almeida, em relação à Nova Versão Internacional (NVI).
C King James Version

3. "Construção de sermão reverso" (composição de sermão ao contrário "das necessidades" e assim busca de escrituras para apoiar as enfatizações do pregador mais do que ser movido a partir do texto e suas implicações para a aplicação prática). Isso não quer dizer que haja algo de errado com pregação que vai ao encontro das necessidades. As cartas de Paulo são um bom exemplo disso.10 Contudo, exige fé para acreditar que movendo cuidadosamente por uma passagem vai realmente encontrar as necessidades do corpo. Alguns pregadores têm medo de que tais pregações possam causar dano à igreja, ou diminuir o ritmo desta. Eu sempre respeitei aqueles irmãos que pensam de modo diferente, que procediam metodicamente (e de modo inspirador) através de um livro da Bíblia em uma série de pregações expositivas. Eles são confiantes de que o Senhor, como alguém que conhece melhor o que as pessoas precisam, vai suprir as necessidades através de pregação do texto. Afinal de contas, Deus é quem “faz crescer” (1a. aos coríntios 3.5-7).

Por exemplo, um líder de igreja que quer ensinar uma congregação a ser mais sacrificial em sua generosidade. Ele também está preocupado de que não há evangelismo bastante, e que alguns membros não estão indo às reuniões. Primeiramente, deixe-me dizer, pra ficar registrado, que eu acredito sim em chamar consistentemente um grupo a aumentar sua generosidade, evangelismo e freqüência às reuniões da igreja. Porém, essas três “necessidades” foram sobrevalorizadas na mente do pregador. Não cuidadoso da ênfase original dada pela parte de João a partir da qual ele está pregando, ou o que Paulo realmente queria dizer quando escreveu 1a. aos tessalonicenses, o pregador engenhosamente procura modos de usar as escrituras para ensinar assistência de membros às reuniões da igreja e sacrifício financeiro. Novamente, não que essas coisas não devam ser objeto de discussão, ou que nunca se deva tocar nesse assunto publicamente. Contudo, os membros ficam exaustos rapidamente em chamadas repetitivas a presença, oferta, presença, oferta, alcançar, sacrificar, presença... Eu acredito que, quando cristãos estão alimentados, eles vão crescer, e, assim, evangelismo, esforço financeiro, e devoção ao corpo vão surgir como conseqüência.11

Minha eposa se lembra bem de minhas pregações em 1994. Não importava que assunto eu estava expondo, eu quase sempre dava um jeito de colocar pra dentro do discurso Atos 2.38. (Quer isso fosse ou não sequer apenas vagamente um assunto ao alcance!) Talvez eu tenha feito isso por causa da pressão sob a qual os evangelistas estavam então de “produzir,” para batizar. Enquanto inserção de uma agenda pessoal em alguns casos é compreesível, e talvez permissível para um jovem evangelista, dificilmente isso é maneira de pregar. Apegue-se ao texto!

Em oposição à típica [?] matinal de domingo a mensagem expositiva tem grande autoridade. A mensagem pode desenvolver uma simples passagem da escritura, mas ela segue com profundidade, sensibilidade e certeza. Todos aprendem e o Espírito fala através da Palavra. Ou talvez a mensagem é por segmentos. Mesmo então, é melhorada e tornada mais verdadeiramente bíblica quando disposta de modo expositivo, com uma exegese própria do texto. Mensagens puramente fragmentadas (mas não expositivas) tendem a ser mais parvas, e comumente deixam a audiência esfomeada. Uma vez que estão aprendendo pouca (se alguma de todo) materia nova, eles fogem em suas mentes em escala cada vez maior e filtram os discursos, que se tornaram aborrecedores.

[fare]

Pra concluir, não é questão de pregação expositiva ou fragmentada. As duas podem ser feitas simultaneamente. Pregar para atender as necessidades é uma coisa boa. Criar programas para equipar o grupo para fazer o serviço da igreja (Efésios 4.11-16) recai sobre o âmbito legítimo do líder da igreja. O que está sendo motivo de lamento aqui não é o desejo de liderar ou de ver resultados, mas a falta de respeito pelas Escrituras.

4. Abordagem “pistoleira” (mais do que pregar um “tiro,” nas palavras de Haddon Robinson12). O discurso não é um todo coerente, mas antes uma linha de mini-discursos. Essa abordagem parece fluir de uma mentalidade /excessivamente/ baseada em necessidades. O discurso mais comum cobre três ou quatro assuntos; mais do que um assunto ser desenvolvido cuidadosamente, muitos assuntos menores são cobertos de modo mais próximo ao de um “cursinho”. Será pouco provável que a audiência se lembre de alguma coisa mais da mensagem do que a ocasional exemplificação; seu conhecimento da Bíblia não foi aumentado. Um estudo de discursos no livro de Atos, entratanto, mostra que as mensagens em geral cobriam apenas um assunto. Havia apenas uma linha de pensamento em desenvolvimento e um só tema sendo abordado. As cartas, que são mais didáticas, abordavam diversas necessidades, mas a mensagem pregada era muito mais lenearmente fluente.

5. Exegese [?] (citar textos de comprovação sem observação de seus contextos originais). Pensa-se comumente que, à medida em que o que se deseja passar é verdadeiro, não importa que o discurso seja suportado por uma passagem fora de contexto. Entretanto, os fins não justificam os meios. O pregador é responsabilizado por Deus de exercitar um cuidado especial, não traçando disctinções onde biblicamente elas não existem (2a. a Timóteo 2.15). Toda exposição pública é, em algum sentido, um modelo de interpretação, a respeito de como manejar as escrituras. Se quem ouve aprende metodologia errada, essa pessoa se torna vulnerável a teologia errônea.13 De todas as pessoas, o pregador da palavra de Deus deve contuzir para garantir que prega apenas o que a palavra ensina, e que sua vida corresponde às verdades que ele deseja passar para as pessoas.14

[slipshod]

B. A perspectiva do pregador sobre si mesmo

1. Afirmações inspiradas como que por si (o pregador diz ou deixa implícito que ele recebeu sua mensagem da parte do Senhor). Quando um locutor diz "O Senhor pôs essas coisas no meu coração," ou espera que a platéia receba todas suas opiniões como se fossem palavra sagrada, pode estar inconsientemente fazendo outros caírem fundo.15 Pois mesmo nos dias da inspiração, quando os apóstolos falavam e o dom de profetizar era manifesto, Paulo sugeria que a igreja deveria avaliar a mensagem, e ficar com o que era certo e rejeitar o que era errado (1a. aos tessalonicenses 5.19-22). Ninguém está acima de avaliação. Doutro modo, a audiência pode cair na idolatria de adorar o locutor e suas palavras. Ou, do outro lado do registro, pode haver cinismo. As pessoas de Beréia (Atos 17.10-12) parecem ter sido elogiados não porque apoiavam o apóstolo Paulo sem questioná-lo, mas por causa de sua abordagem cuidadosa em aprender a verdade bíblica.

2. O pregador é qualificado para pregar em virtude de “impacto” ministerial (não por conhecimento da Bíblia). E, contudo, ambos são impotantes, falando do ponto de vista bíblico. É certo que um homem não tem razão em pregar se ele mesmo não fez de Jesus seu Senhor e não espera que outros façam o mesmo. Deve ser um homem convencido pela escritura, agarrando-se às profundas verdades da fé com uma consciência limpa. (Não simula sua convicção ou zelo; é profundamente convicto do evangelho e aceitou suas implicações, para ele e para o mundo em que vive.) Nem tem qualquer coisa com postar-se perante a igreja em discurso se não está bem fundamentado na palavra de Deus, e não está se esforçando para pensar teologicamente. Além disso, a profundidade teológica tem relação com a profundidade da pessoa. Um homem parvo dificilmente prega uma mensagem profunda.

Muitos de nós pregadores fomos criados a partir de Marcos 3.14 e Lucas 6.39-40. Nós caminhávamos com outro evangelista, e assim aprendíamos “na prática” como ser ministros da palavra. Na verdade, a antítese entre o que é acadêmico e o que é prático foi [?]. Uma pregação expositiva, cuidadosa, é coisa grandemente “prática”. Tal procedimento ajuda pessoas a se tornarem cristãs, permanecerem cristãs, irem à igreja, ajuda-as a sacrificarem financeiramente, a espalharem a palavra para outras pessoas, esse procedimento ajuda pessoas a assumirem responsabilidades carregando fardos pesados de outros no corpo, e outras coisas.

[overstated]

Quando estamos completamente treinados, nos tornamos exatamente como a pessoa que está nos treinando. Mesmo assim, em muitas situações, a pessoa que nos treinou não está completamente qualificada em si mesma. Além disso, há um severo aviso em Tiago 3.1: aqueles que ensinam serão julgados com maior rigor. Aprendizagem é uma coisa boa, mas se isso não inclui um embasamento extremamente cauteloso nas escrituras, bem mais do que o domínio de 50 ou 60 passagens de uma série de coisas elementares a serem aprendidas, isso não é aprendizagem de Cristo. Ele ensina seus discípulos com amplitude maior. Ele abre as escrituras para eles. Ele põe o apoio deles na palavra de Deus.

Infelizmente, muitas vezes, nós, pregadores não éramos apenas “treinados” e “indicados,”, mas éramos com freqüência forçados ao limiar de nossa capacidade de atuação. Questões cruciais que eu ouvia, muitas e muitas vezes:

~ Seu ministério está crescendo?
~ Vocês estão “atingindo a expectativa de contribuição”?
~ Você vai alcançar os objetivos traçados?

Porém, o limiar de capacidade de expectativa de retorno no Novo Testamento não era o número de batismos que uma igreja estava tendo, ou quanto dinheiro estava sendo dado. Essas coisas raramente são observadas como importantes de todo! Antes, o Espírito dá importância, no Novo Testamento a coisas como a liderança de Cristo, a relevância dos relacionamentos de uns com os outros, alegria, perseverança e satisfação. Em minha experiência, eu muito ocasionalmente era perguntado, “os membros estão orando e crescendo no conhecimento que eles têm da palavra? Os relacionamentos estão melhorando? As pessoas realmente estão felizes?”

Uma abordagem reducionista eleva a produtividade e minimiza a saúde espiritual. --- e pode deixar as pessoas se sentindo inúteis. Isso acontece porque esse tipo de abordagem reforça a divisão entre segmento clerical e segmento leigo dentro do grupo, implicando que espiritualmente não há tanta consistência em conhecer o Senhor (o que, afinal de contas, é um assunto um tanto subjetivo) quanto passa a haver em definições estreitas a respeito de “fruto.”

3. Ele está exclusivamente “no ministério” (e outros não estão). Ele pensa que “ministério” é o hall de funcionários contratados da igreja para serem funcionários de carteira assinada, que devem trabalhar oito horas por dia. Essa abordagem se inclina a marginalizar qualquer pessoa fora desse perfil, criando um atalho único à santidade.16 O quanto é danoso restringir “ministério” a aqueles que são pagos pela igreja; será que a Palavra não diz que todos nós temos espaço no ministério (Efésios 4.11-16, 1a. de Pedro 4.8-11, e outras passagens)? A divisão entre segmento de sacerdotes e segmento não-sacerdotal das religiões de nomenclatura cristã que seguem estruturas sectaristas de alguma espécie [*] permeou nossas igrejas do modo a alcançar seu centro nervoso. O caminho sectarista esqueceu que todos nós somos ministros aliados na reconciliação (2a. aos coríntios 5.18-6.1). Há que se cuidar de modo a que esse pensamento não seja desaprendido tão facilmente.

[*] “cristianismos denominacionais”, diz o autor. Não penso que o problema esteja restrito à questão de haver igrejas denominadas, mas desconheço o contexto de vida desse pregador, e o que o leva a fundamentar-se contra ensino de denominações. Como isso não é de todo claro para mim, deixo aqui explícito que há uma intenção na opção de tradução que passei que diverge em espírito, em alguma instância, do que é ensinado nos papéis que estou traduzindo primariamente, no que diz respeito a isso. Estou traduzindo também a partir de minha própria vida, e há questões de intimidade teológica de alguma espécie para o autor deste papel que tangem a ele de modo diferente das coisas que me tangem.

Claro que isso não significa dizer que não há espaços de liderança bíblica! As escrituras ensinam com clareza e insistência a respeito das atribuições de [*], evangelistas e outras espécies de liderança. Mais do que isso, essas atribuições devem ser respeitadas.17

[*] presbíteros; há hoje, um impasse entre a utilização da palavra em inglês, que se refere a “ancião”, e a utilização da palavra em português, que não é clara à luz das ciências humanas a partir do que aprendi com algum discípulo de E. Dürkheim, pois a sociologia não define, até onde eu saiba, atributos sociais a partir de nomenclatura bíblica. Os ingleses e falantes de língua inglesa encontraram solução na tradução “ancião” (inglês “elder”). Uma solução, porém, até certo ponto, ingênua. (Não tive oportunidade de verificar a etimologia da palavra “praesbyteros”.) Os originais parecem utilizar indistintamente no grego “ancião” (inglês “elder”) e “sentinela” (ou “supervisor”), que correspondem respectivamente às palavras “praesbyteros” e “episkopos”. Desconheço o hebraico para “sentinela” ou se há alguma relação entre o sentinela de Ezequiel e os sentinelas no novo testamento, o que acredito viável, colocando aqui um pouco de minha especulação em interpretação bíblica. E levando em consideração que, para uma hipótese ser defendida até o ponto de se morrer por ela, é bom que se a tenha comprovado, pois, se é refutável, do ponto de vista científico, de que vale? Falo como cientista. Não sei se eu morreria para defender que o sistema solar não tem o planeta Terra como centro (...). Mais ainda, o sentinela de Ezequiel também parece ser relacionado à designação “pastor”, entretanto, mesmo assim, isso é leitura a partir da versão da escritura sagrada para o latim português, e em lembrança de que desconheço os termos hebraicos e as possibilidades de relação entre essas passagens, embora as considere possíveis, através de uma leitura que não entra profundamente ao ponto da análise gramatical hebraica. Confio razoavelmente nas versões modernas, pelo fato de que os tradutores estão cada vez mais zelosos em resgatar os textos originais. Mesmo assim, recomendo que se observem os originais, o que farei de igual modo quando puder!

(Etimologicamente, “episcopos” significa “pessoa que olha de ponto de vista elevado”, donde o similar latino “supervisor”. Um possível modo de se pensar uma tradução nova desta palavra seria “olheiro”. Pensei em “vigia”, mas isso me faz pensar em soldado e em controle, e a escritura diz que as pessoas que cuidam dos outros não devem agir como controladores. Penso que uma coisa é olhar, outra coisa é querer que todos estejam dentro de um curral.)

Uma solução para casos semelhantes não tão complicados quanto este, específico, que estes papéis dão é observar-se traduções diferentes, como as traduções em português da tradução de João Ferreira de Almeida, e as traduções na Linguagem de Hoje, dentre outras diversas. Em situações extremamente ambíguas como o caso da definição de “presbítero”, entretanto, há que se discutir muito entre os variados grupos de língua portuguesa, de modo a que se tenha algum esclarecimento. Dá trabalho.


C. A perspectiva que o pregador tem da congregação

1. Simulação de teologia (algum(a) [?] é dado(a) à graça, mas cada coisa e cada um é avaliado em termos de realizações). Sobrevalorização de resultados mais do que dos caminhos de coportamento justo leva a legalismo e à religião sem sentido. Isso é nocivo porque a audiência é levada a responder de um, dentre dois modos possíveis. Ou eles desenvolvem um falso senso de culpa, ou um orgulho em ser zeloso.

[nod]

Neste tópico, comento, se você ainda não leu, recomendo grandemente que consiga uma edição do novo lançamento do /Strong/in/Grace/, de Tom Jones,18 que maneja com maestria os itens teológicos que circundam questões relativas a graça e obras. Nós devemos ler esse livro o quanto antes.

2. Cultura de desconfiança (membros de igreja devem ser monitorados como se por si só não fossem capazes de fazer o que é certo). Como isso é diferente da atitude de Paulo em aos romanos 15.14! Pode-se dizer às pessoas que elas têm “corações maus,” ou --- quando tudo o mais falha --- que eles ficaram “orgulhosos.” Não se pode negar que o coração humano se inclina a desviar-se, ou que orgulho é pecado. Mas, de acordo com minha experiência, se posso novamente generalizar, a maior parte dos cristãos têm /bom/ coração. Eles querem fazer o que é certo. Estão apaixonados e inclinados em disposição ao sacrifício pessoal. A maioria /quer/ ser chamado a arrepender-se e não tem problema em ser liderado, considerando que seus líderes estão seguindo o Senhor também. Essa é a razão pela qual machuca tanto viver debaixo de um fantasma de constante [desconfiança?]. Tampouco é isso espiritualmente saudável. Não deveria haver rivalidade entre pastor e rebanho. Eles não são o lobo, afinal de contas. Por outro lado, também deveria ser dito que não há bem em se desconfiar de todas as pessoas na liderança, independente de como alguém foi tratado no passado. Uma experiência ruim com uma autoridade que uma pessoa tenha tido na vida (pai ou mãe, professor, policial) não é razão para alguém destruir sua confiança em todos os líderes que surjam. Cinismo não é uma virtude.

[scrutiny]

Confiar na bondade inerente ao grupo não significa contudo que não há mais ocasião para “ensinar, repreender, corrigir e instruir em toda a justiça” (2a. a Timóteo 3.16). O espírito de amor é o que falta. Paulo deixou passar confissão em meio à correção (investigue através de 1a.-2a. aos coríntios), como também os escritor da carta dos italianos (hebreus 6.9-12) e muitas outras ilustrações bíblicas. Ter fé na verdade e ter fé de que o espírito de Cristo habita no meio do grupo --- eis como superar a cultura de desconfiança.

3. Mentalidade de empurrar (o pregador é o homem que deve mover a congregação, mais do que a própria palavra de Deus). O conjunto de forças foi criado ou forçado através da “pirâmide hierárquica” 19 num sentido vertical “de cima pra baixo”. Incontestavelmente o pregador deveria representar um grande diferencial na igreja, e deveria colocar-se com autoridade (a Tito 2.15). Mesmo assim, o impulso que leva à mudança vem da Palavra de Deus, não da autoridade do homem. Para mais a respeito disso, vide o último artigo do Gordon Fergusson, “Motivation: Grace or Guilt?” (http://phoenix.icoc.org/GV/USSW/US/AZ/Phoenix/Teaching/20040531Motivation.htm)

4. Pedir apoio antes de entendimento (pregadores que querem que a igreja diga "amém" a suas ênfases independente de terem substanciado biblicamente o que foi ensinado de modo próprio). Só que as pessoas precisam de tempo pra pensar, e muitas interrupções "interativas" impedem a compreensão. Mas como --- ou por quê --- deveria alguém dar suporte a algo que essa pessoa não entendeu? (1a. aos coríntios 14.16) A audiência adota uma mentalidade de público de jogo de futebol de modo nocivo: a energia e o aparente ânimo do grupo é valorizado mais do que o [?] de estar aprendendo e conhecendo Deus. “Améns” impensados e outros tipos de ouvação podem abater a insegurança do pregador, mas interferem no real desenvolvimento espiritual. (Amém?)20

[thrill]

5. [?] a multidão (comprometer a mensagem de modo a satisfazer). 2a. a Timóteo 4.2-4 é claro; o pregador não deve segurar a pregaçào da Palavra, não importam as pressões que lhe pendam para que agrade seu público! Hoje em dia, ser um pregador é mais difícil do que nunca. A segurança do emprego é tênue, o nível de reação é alto, e também a tentação pode ser favorável a que se incline a entrar nas regras do jogo. O profeta verdadeiro não deve jamais se permitir andar assim.

[pandering to]

6. Abordagem humanística (o homem é medida do homem). A Bíblia duz que nós devemos pregar a Cristo, não a nós mesmos (2a. aos coríntios 4.2). Mais dos que isso, Paulo escreveu, “quando eles se medem uns pelos outros e se comparam uns com os outros, não são sábios” (2a. aos coríntios 10.12). O homem não é medida do homem (essa é uma definição do humanismo); apenas Deus e sua palavra devem ser nosso patamar. Uma ilustração da vida real tem seu lugar, mas falar excessivamente da rotina espiritual de uma pessoa pode produzir pensamento humanístico. Quando a audiência olha para o homem mais do que para Deus, para entender aprovação, isso é nocivo.


III. UMA FILOSOFIA SAUDÁVEL DE PREGAÇÃO
O que compõe uma orientação homilética saudável? Apesar de já formulado ou implicado na análize acima, estes elementos [?].

[warrant restating]

A. A perspectiva que o pregador tem da escritura sagrada
Permanece debaixo da autoridade da escritura, e não ousará dobrar os pensamentos de Deus para dar suporte a seus afazeres pessoais. Antes, alterará suas perspectivas de acordo com o que encontra na escritura. O grego de 2 a Timóteo 2.15 diz que um mestre cuidadoso “/discerne/ corretamente a palavra da verdade”. A palavra pode realmente ser traduzida por “manejar”, mas /orthotomoynta/ também supõe discernir de modo válido. (Sempre que discernimos, estamos separando coisas.) Se uma pessoa está ensinando algo ou se chega a alguma conclusão, o discernimento é realmente válido? É isso inerente ao texto em si, ou é reflexo do que a pessoa esta pensando? Essas são perguntas com que o mestre cuidadoso se depara constantemente.

Para ilustrar, lembro-me de um pregador admitir perante um grupo que estava manejando a escritura de modo incorreto. Ele relatou que ao procurar por trechos no desejo de aprender a confiar em líderes sem hesitação (especialmente para que as pessoas confiassem nele!), ele se convenceu de sua abordagem equivocada. Ele não encontrou nada explícito que afirmasse o que ele queria ensinar, conforme ele esperava! Antes, encontrou trechos sem conta a respeito de se confiar em Deus. Nesse caso sua abordagem inicialmente equivocada se tornou um assunto de aula bastante salutar no fim da ocasião. Porque ele insistiu em não fazer a escritura dizer alguma coisa que ela não dizia realmente, a credibilidade dele aos olhos do grupo cresceu.

A pregação dessa pessoa estimula a investigação bíblica da parte de outras pessoas, que são colocadas debaixo de grande benevolência por causa do modo como ele exalta a palavra de Deus. E, como nos dias de Esdras (5o. centênio a.C.), a adoração espontânea é o resultado!

... o sacerdote Esdras trouxe a Lei perante o povo reunido, e isso foi feito para os homens e para as mulheres e todos os que eram capazes de entender. Ele a leu em voz alta desde o amanhecer até o entardecer voltado para a praça em frente ao Portão das Águas na presença dos homens, das mulheres e de outros que podiam enteder. E todo o povo ouviu atentamente ao Livro da Lei. Esdras o escriba estava de pé sobre uma alta plataforma de madeira construída para a ocasião... Esdras abriu o livro. Todo o povo podia vê-lo porque ele estava de pé acima dele; e quando ele o abria, o povo se punha de pé. Esdras louvou ao SENHOR, o grande Deus; e todo o povo [?] suas mãos e respondia, "Amém! Amém!" Então eles se inclinavam e adoravam ao SENHOR com seus rostos ao chão... Os levitas... instruíam o povo na Lei enquanto o povo estava ali de pé. Eles liam o Livro da Lei de Deus, esclarecendo-o e dando o significado de modo que o povo pudesse entender o que estava sendo lido... Então todo o povo ia embora para comer e beber, para [?] e para celebrar com grande alegria, porque eles agora entendiam as palavras que haviam sido feitas conhecer a eles... (Neemias 8.2-12)

[lifted]
[send portions of food]

Mais do que isso, no Novo Testamento, parece que as pessoas que eram mais conhecedoras da escritura sagrada eram os que mais realizavam. Pedro representava uma presença difereciadora, não se pode contestar; mas a maioria de nós concordaríamos que Paulo, treinado por Gamaliel com habilidade ímpar nos pergaminhos, nos dias do primeiro centênio, tha presença ainda maior. Contudo, muito freqüentemente tais passagens como Atos 4.13 e João 7.15 são utilizados para se permitir, com suporte bíblico, desleixo em exercício teológico e ensino da escritura.

O que é que João 7.15 realmente diz? “Os judeus ficaram maravilhados e perguntaram, ‘Como pode um homem ter tamanho conhecimento sem ter estudado?’” Ora observe que a passagem não diz que Jesus tinha pouco conhecimento das escrituras. Não diz que ele era pouco coidadoso em seu uso do Antigo Testamento. O que é impressionante era que seu comando da Palavra era espetacular, muito embora ele não tenha se preparado através de um “conceituado” programa dos fariseus. Pode haver muitas vias de acesso à competência bíblica; o objetivo não é apenas que uma pessoa se torne biblicamente “letrada”, mas que atinja domínio das escrituras.

Não, um curso de estudo de teologia em nível acadêmico não é para todas as pessoas. Teologia pura, especialmente como é ensinada nas instituições liberais da terra, tende a exterminar a fé. Nem todo estudante que acredita na Bíblia sobrevive à experiência. O outro perigo óbvio é elitismo, pelo qual aqueles que têm um conhecimento especial olha de cima para baixo aqueles que não têm.21 Devemos pelejar por um equilíbrio entre a prática e a teoria, e cada pregador que está sendo preparado terá forças peculiares e fraquezas peculiares. Ainda assim, preparo na escritura sagrada ainda é imprescindível.22

Por fim, teologicamente preparado ou não, devemos orar por sabedoria (Tiago 1.5). O Senhor tem suas maneiras de adequar um homem para sua tarefa se esse homem está desejando confiar nele. O homem de Deus respira com Paulo, “eu quero conhecer a Cristo” (aos filipenses 3.10). Quanto mais esse homem ansiar, “eu quero conhecer a escritura sagrada”, sua maior paixão será Cristo.

B. A visão que o pregador tem de si mesmo
O pregador é um mero mordomo, e sabe disso (1a. aos coríntios 4.1-2, 1a. aos tessalonicenses 2.3-13). Tem afiada consciência do mundo invisível e sabe que Deus está trabalhando através de sua pessoa, mas ficaria extremamente envergonhado em considerar em seu serviço alguma identidade com o ministério do Espírito Santo. Essa pessoa não pede inspiração, não supõe que aqueles que resistem a seus pontos de vista são pobres em espírito, fraquinhos ou pessoas que jazem sob condenação. Ele sabe que todos os discípulos de Cristo são seus companheiros no serviço porque cada um deles /tem/ um espaço de serviço de si próprio debaixo do céu, e que nenhum deles --- nenhum sequer --- poderia ser excluído. Embora essa pessoa fale a outros como o texto afetou a ele pessoalmente, ele não prega a si mesmo, mas a Cristo crucificado.23 “Pois não pregamos a nós mesmos, mas Jesus Cristo como Senhor, e a nós mesmos como servos de vocês por causa de Jesus” (2a. aos coríntios 4.2).

O homem que tem qualquer coisa com o Espírito de Deus se põe perante as pessoas com segurança que se baseia numa vida com a consciência limpa, porque a palavra de Deus o leva a fazer isso. “Encorage e repreenda com toda autoridade. Não deixe ninguém desprezar você” (a Tito 2.15b). Desnecessário dizer que o único homem a unir perfeitamente autoridade imbuída de caráter de dignidade e trabalho humilde é Jesus Cristo. O resto de nós vai, em alguma medida, falhar em reproduzir esse equilíbrio.

C. Como o pregador vê a congregação
Uma vez que esse homem não se coloca como superior à audiência, ele os vê e trata com consideração e respeito (aos gálatas 5.23, aos filipenses 4.5, aos colossenses 3.12, 1a. a Timóteo 6.11, 1a. de Pedro 3.15). Ele não tem como objetivo coagir, mas lembrar o ensino mais importante a respeito de pastoreio que traz a carta a Filemon (fragmentos 8-9, 14). Ele pode ser ágil como pessoa, mas uma vez que não é o homem violento (exigente demais, conforme a anotação feita acima, a respeito da perigosa interpretação da tradução de Mateus 11.12 para língua inglesa.) de Mateus 11.12, ele dá às pessoas espaço para mudarem e a Deus seu espaço para trabalhar. Ele não é suspeito para o grupo que está sob sua cautela, mas, como um fazendeiro amável com o que está aos seus cuidados, deseja o melhor de cada pessoa que está perto dele.

Possa o Deus de esperança preencher todos vocês com alegria e paz uma vez que vocês confiam nele, de modo que vocês possam transbordar com esperança pelo poder do Espírito Santo. De minha parte, eu estou convencido, meus irmãos, de que vocês estão cheios de bondade em vocês, e completos em conhecimento e competência para instruir uns aos outros. Eu escrevi a vocês deveras ousadamente a respeito de alguns assuntos, como que para lembrar-lhes deles novamente, por causa da graça que Deus me deu (Aos romanos 15.13-15).

Ainda, seu respeito por seus irmãos e pelas irmãs não declina num sentimentalismo ou em recusa a bater-lhes o rosto com a luva, pois o homem de Deus é crítico em seu olhar e não se encolhe em anunciar a verdade com amor de acordo com o que a escritura sagrada lhe ensina.24 Isso não está restrito à colocação do discurso perante toda a igreja. Todo professor, presbítero e evangelista A --- todos aqueles que receberam responsabilidade de cuidar de algum grupo --- deve discernir a palavra de Deus cuidadosamente, com retidão e com coragem. “Benditos os pacificadores”, diz o Senhor em Mateus 5.9. Não aqueles que buscam a paz deste mundo. Não aqueles que conferenciam com o inimigo nas planícies de Ono quando no meio tempo algum outro grande trabalho está sendo negligenciado. Aqueles que estão determinados a falar profeticamente não vão sempre receber aprovação dos homens, nem devem (aos gálatas 1.10)! Vamos todos juntos aspirar à presença de Neemias, Isaías, Jeremias e Ezequiel!

A Alguns dos grupos de cristãos sem denominação dos movimentos anteriores ao de Boston-Lexington usam o termo missionário para o que as igrejas originadas no movimento dos 1970-80 chamaram evangelista.

Talvez deva ser adicionado que a condição da congregação perante Deus é mais importante do que a série programada de aulas. Como resultado, o homem que se põe perante o grupo é flexível. Ele é pronto a suspender seus próprios afazeres de modo a voltar-se para um ocasional tempo de crise. Ele observa que pode ter julgado erradamente a congregação, e, por causa disso, confia em outros. Ele não direciona a igreja autocraticamente, mas divide o espaço de direcionamento com outros.25

Quando as pessoas se sentirem amadas e respeitadas, do modo ideal irão florescer. (Eis que a carne é sempre fraca! --- lembremo-nos dos coríntios, alguns dos quais, apesar do amor e do respeito de Paulo, deram jeito de desviar-se pra longe do caminho reto.) Mas quando se sentem usados, ou desrespeitados, ressentimento nasce e [lentidão?] é comum. É importante a ponto de vida ou morte que o fazendeiro ame as ovelhas como um pai (e como uma mãe), como Paulo insiste que fez (1a. aos tessalonicenses 2). Para ele, as ovelhas eram realmente muito queridas (1a. aos tessalonicenses 2.8).

[foot-dragging]

Em resumo, o pregador ama de verdade a igreja de que participa, e seu ensino enfatiza o amor de Deus por nós e também o amor que devemos a ele como Senhor. Essa pessoa admite que o corpo precisa de direção. Mesmo a melhor carroça precisa de um condutor que possa dar ritmo aos animais e não deixá-los irem pra qualquer caminho. Ovelhas precisam de um fazendeiro.


IV. CONCLUSÃO
Poucos discordariam que preparação de pregadores é uma prioridade alta na escala, para o momento que estamos vivendo. A preparação deve ser cartesianamentebaseada em uma maneira adequada de se colocar perante a igreja em reunião. O modo como o pregador vê a si mesmo, a outros e à palavra de Deus é fundamental. Fomos fortemente magoados por conclusões que não partiam de Deus, não ousemos desprezar esses assuntos. Ignorância bíblica não é desculpa, e arrependimento deve ser observado em todo e cada nível. Essa mudança não será realizada facilmente, mas devemos nos comprometer com as escrituras de modo mais completo, para que uma mudança possa ter lugar de modo mais definitivo.

Entretanto, eu devo exortar à paciência. Se eu exponho [?], muitos pregadores foram ensinados a pregar sem cuidado em expor o texto. Foram acostumados a atribuírem maior importância em juízos finais, até mesmo a valorizar presença de espírito a interior do copo. De boa fé, em muitas situações, eles dispensavam deveres de seus espaços de trabalho na igreja de acordo com o entendimento que eles tinham das coisas. A maior parte deles ao redor do mundo pediu demissão ou foi demitida. Enquanto uma quantidade deles não era de homens que se baseavam no Espírito, muitos eram homens de Deus que pelejavam para fazer o que é certo. Com tristeza digo que uma quantidade desses homens que alcançaram um alto [?] para a Palavra acabou por se relocar em outras profissões. Mas alguns servos da Palavra permanecem.

[bluntly]
[regard]

Em meio àqueles que estavam trabalhando como ministros da palavra chamados “integrais”, a maior parte está determinada a persistir e a receber o preparo de que precisam. Como eu e você, eles precisam de um tempo para mudar e para remanejar a vida, para crescer, para estudar, para aprender, para fazer experiências --- posso usar essa expressão? De qualquer maneira, isso leva tempo. Exigir mudança /instantânea/ não somente é utópico e parvo, como também injusto e uma atitude destituída de amor. Como, então, poderemos prosseguir como igrejas? Deixe-me dar algumas idéias.

Uma palavra aos membros das igrejas:
~ Se você vê progresso na retórica de um pregador, dê retorno. Contudo, tome cuidado para não ser bajulador. Pregar é tarefa difícil. Se você nunca se pôs à frente da igreja reunida, é fácil tornar-se um crítico de cinema. É tão fácil blasfemar contra um jogador de futebol que erra o lance ou achar que o professor de inglês vai fazer você aprender a língua em quatro meses de aula. É bom ser realista! Pregar é uma das profissões mais exigentes que existe.
~ Encorage os homens que estão se colocando à frente da igreja como você encorajaria aquele amigo cristão que você considera como alguém que mais precisaria de encorajamento. Os trechos da escritura que falam a respeito de “uns aos outros” dizem respeito a todos os cristãos, não somente aos “fracos”.
~ Certifique-se de que uma parte da coleta financeira levantada pelo grupo é direcionado a um programa de preparação para os homens que estão à frente da igreja para anunciar a mensagem ao grupo. Diplomas de graduação, certificados teológicos, viagens de estudo, seminários e conferências --- todos são válidos. Não ponha-o à prova excessivamente para que ele seja dispensado para receber qualquer preparo que ele possa receber.
~ Ore em favor dos homens que estão à frente da igreja e dos que se põem perante a igreja para anunciar a mensagem. Faça evidente a eles se vocês se importam com eles como pessoas que são, e com o espaço deles dentro do grupo.
~ Se você está empregando um pregador, não se apresse. Por outro lado, se você está procurando pelo “retórico perfeito”, deve-se insistir no fato de que tal animal é tão raro quanto um unicórnio. Seria sensato contratar uma pessoa de caráter e investir em preparo bíblico [mais] do que ficar anos pra encontrar “o par perfeito” para sua igreja.

Ao mesmo tempo, eu gostaria de deixar uma tarefa para meus colegas pregadores.
~ Qual é a sua maneira de se colocar perante a igreja? Você realmente mudou sua concepção de pregação?
~ A obrigação de fazer estatística acabou. Aqueles que são empregados pelas igrejas deveriam ter mais tempo para estudar, se preparar e para levar a Palavra para as pessoas. O que você está fazendo com o tempo “extra”? Você está aproveitando a agenda mais livre para empreender as mudanças necessárias?
~ Seu grupo quer que você seja o melhor pregador que jamais existiu. Tenha fé em Deus e em sua Palavra de que a maneira como você vive é a melhor para fazer a igreja crescer em fé, maturidade e quantidade.
~ Todo cristão está a par de 2a. a Timóteo 2.15. Eu pediria que você pensasse seriamente nesta passagem de ouro, escrita de um pregador para outro. O que vai levar você a viver à altura deste excelso chamado?

Dê o seu melhor para apresentar-se diante de Deus aprovado, como um trabalhador que não tem do que se envergonhar e que maneja corretamente a palavra da verdade (tradução do inglês).

*






* * * * * *


[Estudo adicional:]
Further study:
~ Gordon Ferguson, “Motivation: Grace or Guilt?” Be sure to read this excellent paper, which also addresses philosophy of preaching, though in a more historical and theological way than “The Workman Approved: Preachers and Preaching. Direct link: (http://phoenix.icoc.org/GV/USSW/US/AZ/Phoenix/Teaching/20040531Motivation.htm)
~ Tom Jones, /Strong/in/the/Grace:/Reclaiming/the/Heart/of/the/Gospel/ (Billerica, Mass.: DPI, 2004). This is the latest release from DPI. Please encourage your book & tape ministry to carry it. Direct link: https://www.dpibooks.org/Details.asp?BookID=STRONGG.


1 I suppose as a student in the Harvard Divinity School I was something of an anomaly, as Harvard is a radically liberal institution.
2 Eisegesis is the term for reading one’s views into the text.
3 Exegesis means properly drawing out the meaning of a biblical text. For more on this, see Gordon Fee and Douglas Stuart, /How/To/Read/the/Bible/for/All/Its/Worth/ (Grand Rapids: Zondervan, 1993).
4 Expository preaching flows from an attempt to understand the text in its original setting (or context), asking such questions as: Who is speaking to whom? What are the circumstances? Why is this passage in the Bible? How does it apply to us? Expositors realize that a knowledge of history, grammar, literature, and theology is often essential. Sometimes this is called the historico-grammatical approach.
5 Over 400 completed the course.
6 In addition, many of the women enrolled---some 40% of all participants---expressed a desire for less theology and more “practical” teaching, for example in the area of counseling.
7 Available at www.DouglasJacoby.com. Click on “search” and enter the word “statistics.”
8 Of course this is not to say that an experienced preacher might not rely on the work he has done in the past as he crafts a new sermon. Theoretically, as several have argued, the more a preacher has studied, the less time he should need to arrive at the meaning of a text and outline and present his message.
9 For more on this, see my paper on “Forceful Men” at my website, www.DouglasJacoby.com. This is the sort of thing that happens when only one version is held up as the standard or “authorized” text—although generally speaking, the NIV is quite a good translation.
10 They are “occasional documents”---written for specific occasions and with specific needs in mind.
11 This is my understanding of Acts 2:42-47 in terms of root and fruit: focus on the basics (the root, v.42) and the results will come (vv.43-47).
12 /Biblical/Preaching/ (Grand Rapids: Baker, 1980).
13 Moreover, in the age of computer Bibles, concordances, and lexicons, it is easy to look up a Greek or Hebrew word and present some aspect of grammar, etymology, or definition to add spice to the sermon. Yet the question needs to be asked: Has the speaker studied the ancient language? Are his insights or suggestions on target?
14 See D. Martyn Lloyd-Jones, /Preaching/&/Preachers/ (Grand Rapids: Zondervan, 1971), and John Stott, /Biblical/Preaching/Today/ (Grand Rapids: Eerdmans, 1961).
15 He may genuinely believe, in the spirit of Mark 11:24, that he can “move God” to do whatever he desires if only he is spiritual enough. He may literalize 1 Peter 4:11 (“speaking the very words of God”), whereas Peter said only “as though,” indicating the degree of solemnity and humility the speaker ought to have.
16 The path is a familiar one: “discipler” > small group leader > intern > evangelist > etc.
17 For example, 1 Timothy 3:1 describes eldership as “a noble task.” 1 Timothy 5:17 reads, “The elders who direct the affairs of the church well are worthy of double pay/honor.” Furthermore, 1 Timothy 5:19 warns us, “Do not entertain an accusation against an elder lightly.”
18 Billerica, Mass.: DPI, 2004. Another immensely valuable volume is Gordon Ferguson and Wyndham Shaw, /Golden/Rule/Leadership:/Building/a/Spirit/of/Team/and/Family/in/the/Body/of/Christ/ (Billerica, Mass.: DPI, 2001).
19 Based on a particular interpretation of the “Jethro Principle” of Exodus 18.
20 Giving “amens” and “talking back” is to some extent cultural. In some cultures, this is natural and should not be construed as a lack of reverence on the part of those assembled. In other cultures, “talk back” is highly distracting and probably disrespectful. Each nation and congregation will have its own culture, yet in no culture is it right to demand unconditional support. That allegiance can only be proffered to God.
21 An excellent little volume on this danger is Helmut Thielicke’s /A/Little/Exercise/for/Young/Theologians/ (Grand Rapids: Eerdmans, 1999).
22 It would be interesting to study the evolution of religious groups, focusing on the shift from informal training to institutional training. Are schools and seminaries the inevitable last stage in the philosophy of religious education?
23 In fact, the preacher knows that the sermon does not always have to be the centerpiece of the worship meeting, and some services will omit a preached message altogether. (Especially services that are more devotional in nature, or which employ drama or other media to convey the message.)
24 I cannot highly enough commend Charles Edward Jefferson, /The/Minister/as/Prophet/ (New York: Thomas Crowell, 1905). Though out of print, it is worth its weight in gold.
25 This of course is not the case in a new church planting, where the members are few and there may be no other leaders with whom to share the lead. And yet perhaps we should also radically reconsider /how/ we send out a new church planting.